terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Perdidos no Shopping

_ Pai, me leva no shopping?
_ Claro, quê cê vai fazer, jogar fliperama?
_ Não, vou ver filme.
_ Qual filme?
_ Missão Impossível.
_ Legal! Vou ver também!
_ Não!!!
_ Não o quê?
_ É que eu vou encontrar uma garota.
_ Ótimo! Vou com vocês.
_ Tu não tá entendendo. Eu vou ficar com essa garota.
_ Excelente!
_ Se liga, pai, se tu for no cinema com a gente ela vai ficar toda tímida e aí não vai rolar.
_ Tolo! Claro que ela vai ficar contigo, se tá combinado, ela vai, é sinal que vocês vão ficar, com toda certeza! Não se preocupa comigo,eu sento na fila de trás, não precisa nem me apresentar à ela se não quiser, e prometo que vou ser bem discreto.
_ Pai, eu já te vi sendo muita coisa, mas nunca discreto.
_ Quer saber, nem faço questão de ver esse filme no cinema, pode ir, só você e essa garota.

Léo sorriu, aliviado.

_ Tem dinheiro pro ônibus? Acho que eu tenho uns trocados pra te dar.

A caminho para o shopping, Léo guardou o seu tablet no porta-luvas e fez uma pergunta ao seu pai:

_ Quanto custa uma prostituta?
_ Depende...quê, mas que história é esse, moleque?!
_ Curiosidade.
_ Mas que espécie de curiosidade é essa? Na tua idade eu tinha curiosidade de saber como faziam o skate do McFly flutuar e essas coisas, além do mais, o que te faz pensar que eu entendo de prostitutas?
_ Eu vejo e escuto o tipo de mulheres que vão na tua casa, segundo os filme da sua própria coleção elas só podem ser prostitutas.
_ Perspicaz. O preço de uma garota de programa varia de acordo com a duração do programa, mas você ainda não tem idade pra procurar esse tipo de entretenimento, tem que pensar em estudar, jogar o seu Xbox, assistir bons filmes, namorar essa garota com quem iremos ao cinema hoje, essas coisas. Prostitutas são pra fracassados. Não me refiro a perdedores completos, mas aos homens que num momento de carência e talvez fraqueza, desperdiçam um pouco do seu sofrido salário com esse tipo de profissionais.
_ Uhum. O que é perspicaz?

Ao chegarem ao shopping, Marcelo estacionou o carro e eles foram seguindo em direção ao cinema. No trajeto, Marcelo avistou uma segurança gostosa, ela era loira e parecia ter peitões, ele não podia ter certeza, por causa do uniforme dela, mas estava disposto a descobrir.

_ Menino, que horas é o filme?
_ Daqui a meia hora. Por quê?
_ Se esconde no banheiro e fica esperando por mim.
_ Como assim, pai?
_ Faz o que eu tô dizendo.

Léo obedeceu. Em seguida, Marcelo caminhou em direção à segurança.

_ Moça, pode me ajudar, por favor?
_ Pois não, senhor?
_ Meu filho sumiu, fui ao banheiro e me perdi dele, pode me ajudar à encontrá-lo?
_ Mas é claro. Onde o senhor viu pela última vez?
_ Humm, na praça de alimentação, numa mesinha em frente ao Bob's, estávamos lanchando, então avisei a ele que iria ao banheiro, me levantei e fui, quando voltei pra mesa ele não estava mais lá.
_ Certo. Como o senhor se chama?
_ Marcelo.
_ Ok, seu Marcelo...
_ Só Marcelo.
_ Certo, Marcelo. Há quantos minutos o senhor deu pela falta do seu filho?
_ Ah, comecei a procurá-lo assim que ele sumiu, então diria uns três , quatro minutos.
_ Por onde já o procurou?
_ Lojas de brinquedos e CDs.
_ Talvez ele tenha terminado de comer e ido atrás de você no banheiro.
_ Pode ser.

Marcelo e a segurança caminharam até o banheiro e encontraram Léo.

_ Aí, está você! Filho, te mandei esperar na mesa._ disse Marcelo abraçando seu filho.
_ Achou seu filho?
_ Sim. Muito obrigado pela ajuda, viu moça. Qual seu nome?
_ Bárbara.
_ Muito obrigado, Bárbara. Como poderia retribuir?
_ Não precisa retribuir, Marcelo. Só fiz o meu trabalho.
_ Ah, eu preciso._ ele responde pegando nas mãos dela.
_ Meu expediente termina daqui a dez minutos. O que vocês vão fazer?
_ Iremos ao cinema._ respondeu Marcelo.
_ Ok.

No cinema, Léo ficou puto, pois não conseguiu ficar com a garota, e mais puto ainda por seu pai estar agarrando-se com Bárbara no assento de trás.

FIM

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