quarta-feira, 11 de maio de 2011

São Paulo Beat City



Um ensaio.

São Paulo, merda, ainda tô aqui!
Todas as manhãs eu sento bêbado na minha cama, e fico de olhos fechados, aguardando a ressaca e o mal-estar diminuírem, então me levanto, olho pela janela e vejo o ar que eu respiro, a atmosfera poluída e deprimente desta enorme selva de pedra, como chamam.
Dou uma caminhada, faço uns exercícios, leio, assisto filmes, escrevo alguma prosa. À noite eu vou pra aula, presto atenção em tudo que o professor fala, escreve, a todos os vídeos exibidos, e então anoto tudo que eu julgo ser importante no meu caderno. Ao voltar para casa, folheio meu caderno, procurando pela aula mais recente, leio as anotações feitas, pesquiso alguma coisa na internet, e então eu saio.
Vou às ruas em busca de prazer, seja a busca de um prazer físico, ou até mesmo um estado de espírito agradável o suficiente para me fazer gozar, gozando a vida o homem se completa. Seja numa cerveja estupidamente gelada, seja numa mulher jovem e suada, ou com um bom prato de comida, um simples, mas delicioso sanduíche, por exemplo. Posso buscar prazer num show de rock, ou escutando um jazz, ou um blues.
Saciado o prazer, caminho pela noite suja e mundana desta grande metrópole, observo as criaturas da noite, prostitutas, bichas, travecos, cafetões, traficantes, taxistas, mendigos, loucos, mas não tão loucos quanto eu, que perambulo só, pela noite paulistana.
Durante o dia me embriago, seja de cerveja, uísque, vodka ou gin, ou ainda de conhecimentos, sensações, do sexo e do saber. Vou ao barbeiro, ao cinema, entro numa boa livraria na Paulista. Vou ao banco, verifico meu saldo, gasto dinheiro, consumismo desnecessário.
Comida italiana, árabe, libanesa, japonesa ou coreana, tanto faz, é só pra me dar mais energia, e depois se converter em excrementos. A energia que eu adquiro me alimentando, eu gasto num jogo de sinuca, num show, no deslocamento da minha casa para o curso, numa madrugada insana de vícios e libertinagem.
O sono acumulado, as poucas horas dormidas, o desgaste físico, a falta de energia, o café pra me manter acordado até tarde, para que eu possa concluir meus trabalhos, o cigarro que me deixa sem fôlego quando eu estou subindo a Augusta, voltando da aula, ou de qualquer outro entretenimento banal, os livros que leio e que enriquecem o meu vocabulário, para que eu possa compartilhar, de maneira digna, minhas experiências, divagações, devaneios e contemplações desinteressantes, e as transas. Tudo sempre termina em boas transas, nem sempre com amor, mas sempre um novo gozar.

FIM

Um comentário:

  1. interessante!

    SP é um cidade de todos e tudo que é de todos não é de ninguém, se não é de ninguém, não é minha e, cá pra nós, terra boa é a nossa terra, mesmo que, de vez em quando, ela seja uma merda..

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